quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MOVIMENTO NACIONAL DE RÁDIOS COMUNITÁRIAS - NOTA PÚBLICA

MNRC
MOVIMENTO NACIONAL DE RÁDIOS COMUNITÁRIAS

NOTA DE REPÚDIO

  O Movimento Nacional de Rádios Comunitárias (MNRC), movimento social e popular que organiza militantes de rádios comunitárias no Brasil e reúne as organizações políticas de representação das rádios comunitárias dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, e demais lutadores pelo direito à comunicação, vem através desta nota repudiar as posições CONSERVADORAS, REACIONÁRIAS E FACISTAS da ABERT que se mostrou contrariada à publicação da portaria nº 197 do Ministério das Comunicações, que altera a portaria 462, Norma 01/2011, para o serviço de radiodifusão comunitária, que, na verdade, se trata de um mero paliativo explicativo e que persiste com a discriminação e redução de nossos direitos.
  Em nota publicada em seu site, a ABERT, através de seu presidente Daniel Slavieiro, informa as suas emissoras filiadas que se reuniu com o Ministro Paulo Bernardo em Audiência no dia 31 de julho de 2013 para solicitar a revogação da referida portaria, e mais, ameaçou com ações judiciais caso suas demandas não sejam atendidas, tudo ratificado em entrevista concedida a Rádio Nacional.
   Reafirmamos que esta forma de agir da ABERT e suas afiliadas, representantes do monopólio e oligopólio da comunicação, é uma atitude nefasta para as rádios comunitárias, na busca desenfreada de inviabilizá-las.  Não nos causa estranheza o fato de o Ministro Paulo Bernardo ter recebido esta representação da ABERT para tratar de assuntos referentes às rádios comunitárias, comprovando também a relação promíscua deste Ministro,  em favorecer este segmento que,  em tempos de ditadura militar, se locupletou com concessões políticas e defesa de uma ditadura que matou e exterminou milhares de brasileiros que ousaram a enfrentar aquele regime de exceção.
   As Rádios Comunitárias darão sua resposta à altura a esta provocação e tentativa de extermínio das rádios comunitárias,  em todos os Fóruns existentes na sociedade.  Por esta razão, convocamos a sociedade e as organizações populares para que se manifestem contrariamente a estas declarações da radiodifusão comercial, que consideramos como o início do acirramento de nossas relações conflitantes nesta questão. Nossa história recente possui como exemplos de luta as manifestações em Frente à Rede Bandeirantes de Campinas e as ações diretas realizadas em Faxinal do Soturno no Rio Grande do Sul como experiências claras de nossa ação política contra o Monopólio das Comunicações.  E não mediremos esforços para que o Direito Universal da Liberdade de Expressão, garantido pela Constituição Federal e pelos Tratados Internacionais, os quais o Brasil é signatário, seja garantido e implementado neste País de desmandos e barbáries.
   Não é estranho para o Movimento Nacional de Rádios Comunitárias (MNRC) a tentativa da ABERT em buscar, inclusive perante o Poder Judiciário, a perpetuação de sua política de extermínio, pois esta estrutura do Estado Brasileiro ainda mantém suas decisões políticas de referendar valores da ditadura militar, legitimando a criminalização dos movimentos sociais,  dos ladrões de galinha,  e as Leis de um regime ditatorial.
   Esta situação não é nova para as Rádios Comunitárias. Em outras oportunidades, percebemos os resultados das audiências entre o Ministro Paulo Bernardo e esta entidade reacionária da sociedade brasileira, cujos resultados foram:

a) Publicação da portaria 462/2011, que resultou na maior tentativa de extermínio das Rádios Comunitárias desde a publicação da lei 9612/98;
b) Publicação da Portaria 112/2013, que resultou na anistia de multas das Rádios Comerciais e uma criminalização maior para as rádios comunitárias, inclusive com a tentativa de cassação de emissoras comunitárias, e a proteção ilegal das emissoras privadas do monopólio da comunicação;
c) Convênio de Fiscalização de Conteúdos entre Anatel e Ministério das Comunicações, em desconformidade com a atual legislação, pois a lei 9472/97 (que criou a Anatel) é clara ao atribuir à agência reguladora apenas as fiscalizações técnicas, sendo a fiscalização de conteúdos uma ação ilegal que dá a esta agência um poder inconstitucional de ações sobre as rádios comunitárias;
d) Esvaziamento e terceirizações da secretaria de radiodifusão Comunitária, com a falta de uma política de incentivo aos trabalhadores deste setor. Que hoje conta com um efetivo de apenas quatro funcionários para análises de mais de 20 mil processos de rádios comunitárias. Esta política vem aumentando o tempo de análise de processos que passou para mais de 8 anos até a concessão da outorga;
e) Por outro lado, o Ministério das Comunicações implementou uma força tarefa com servidores do ministério para agilizar a tramitação de outorgas e renovação para o serviço privado, tendo como objetivo principal outorgar as repetidoras de TV dos grandes conglomerados de mídia, que funcionam clandestinamente e que não recebem o mesmo tratamento criminalizador da Anatel e da Polícia Federal que tem se mostrado um leão para as rádios comunitárias e um gatinho para os setores privados da comunicação;
d) Declaração do Governo Dilma de que promoverá a simples migração do sistema de rádios AM para o FM, sem o indispensável processo licitatório e debate com o povo brasileiro, mais uma vez presenteando aqueles que há décadas se apropriam oficialmente do patrimônio público.
  Diante disso, as Frentes e Entidades organizativas do MNRC entendem como necessária a saída imediata do Ministro Paulo Bernardo do Ministério das Comunicações, pois sua atuação está totalmente comprometida com o sistema privado da comunicação, e mais do que isso, representa um retrocesso nos avanços da luta pela democratização da comunicação no país.
   Neste sentido, convocamos as entidades de Rádios Comunitárias, Movimentos sociais organizados, Frentes de Lutas, Sindicatos e organizações populares a se fazerem presentes em nossos atos e manifestações contra o Monopólio das Comunicações e pela saída deste ministro lacaio das teles e do monopólio da comunicação.
  Reafirmamos nosso pensamento político que a luta pela democratização da comunicação passa necessariamente pela luta de classes e pelo processo revolucionário da classe trabalhadora. Demonstramos nossa posição favorável à proposta de construção de um novo marco regulatório, mediante Projeto de Lei de Iniciativa Popular, construído pelas entidades do movimento pela democratização da comunicação, para dar cumprimento às deliberações da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Por isso conclamamos as entidades de luta na construção de uma ASSEMBLÉIA POPULAR  para debater e formular uma política classista contra o monopólio da comunicação e pela liberdade de expressão e comunicação do povo brasileiro.

Fora Paulo Bernardo!
Pelo Fim do Monopólio!
Cai Fora ABERT!

MNRC

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